A economia brasileira, em 2025 e início de 2026 desafios estruturais e custo de vida

2025 e início de 2026 marcado por desafios estruturais que continuarão a impactar diretamente o custo de vida, o poder de compra e as perspectivas de crescimento econômico

A economia brasileira, em dezembro de 2024, atravessa um momento complexo, caracterizado por desafios estruturais históricos e conjunturais que impactam tanto a política quanto a sociedade. 

A inter-relação entre práticas de gestão governamental, corrupção sistêmica, flutuações cambiais, inflação e a capacidade de recuperação econômica define um cenário de alta volatilidade. 

O impacto de escândalos de corrupção de longa data, como a Operação Lava Jato, ainda ecoa nas instituições públicas, comprometendo a eficiência estatal e a confiança de investidores. 

Nesse contexto, a análise sobre a relação entre variáveis como o salário mínimo, os preços de commodities essenciais (gasolina, diesel, gás de cozinha) e a conjuntura fiscal torna-se imprescindível para compreender as dinâmicas atuais e propor soluções estruturais. 

Este estudo se propõe a investigar os fatores que têm moldado o cenário econômico brasileiro, com ênfase no impacto da corrupção, nas políticas públicas e nos indicadores econômicos centrais.

A economia brasileira em dezembro de 2024 enfrenta uma série de desafios interligados que envolvem questões políticas, sociais e estruturais profundamente enraizadas. Esses desafios incluem uma crise de governança pública, marcada por práticas de corrupção sistêmica que há décadas drenam recursos do Estado e comprometem o desenvolvimento econômico sustentável. 

Paralelamente, a conjuntura econômica é caracterizada por alta inflação, desvalorização cambial, déficits fiscais significativos e uma taxa de desemprego persistente. Tais fatores criam um ambiente de incerteza e pressionam as políticas públicas, dificultando a recuperação econômica e a promoção de justiça social. 

Vamos examinar os elementos estruturantes dessa realidade, oferecendo uma análise abrangente do impacto de variáveis como corrupção, flutuações cambiais, preços de commodities e políticas governamentais sobre o desenvolvimento nacional.

O período entre 2025 e o início de 2026 será desafiador, com altos custos de vida, dificuldade de acesso a crédito e pressões inflacionárias contínuas. 

A necessidade de adaptação a um ambiente econômico instável será crucial, exigindo estratégias pessoais e coletivas para proteger o patrimônio, reduzir o endividamento e buscar alternativas de renda.

A corrupção é um fator crítico que permeia diversas esferas da administração pública e empresarial no Brasil. Ao longo das últimas décadas, sucessivos escândalos expuseram esquemas de desvio de verbas, superfaturamento em contratos públicos e má gestão em empresas estatais. A Operação Lava Jato, que revelou desvios bilionários na Petrobras, destacou como práticas corruptas podem comprometer a governança de empresas estratégicas para a economia nacional. Estima-se que os prejuízos financeiros diretos associados à Lava Jato ultrapassaram R$ 6,2 bilhões, sem contar os impactos indiretos, como a desconfiança gerada entre investidores nacionais e estrangeiros. Essa desconfiança repercute no mercado cambial, contribuindo para a desvalorização do real. Em dezembro de 2024, o dólar americano foi cotado a R$ 6,0458, enquanto o euro atingiu R$ 6,8574, demonstrando a contínua fragilidade da moeda brasileira. Essa depreciação tem implicações diretas sobre os custos de importação, elevando preços internos de bens e serviços, pressionando a inflação e reduzindo o poder de compra da população.

A alta do dólar também tem impacto significativo nos preços dos combustíveis e da energia, essenciais para a economia brasileira. O petróleo Brent, referência internacional, é cotado a US$ 85,00 por barril, enquanto os preços internos da gasolina e do diesel seguem em alta. Em dezembro de 2024, a gasolina foi comercializada a R$ 6,15 por litro, enquanto o óleo diesel custou em média R$ 5,85 por litro. Esses valores refletem uma combinação de fatores, incluindo a política de paridade internacional de preços praticada pela Petrobras e a carga tributária elevada. O gás de cozinha, utilizado em milhões de lares brasileiros, alcançou um preço médio de R$ 120 por botijão de 13 kg, tornando-se um item de alto custo para famílias de baixa renda. Esses aumentos agravam o cenário inflacionário, que em 2024 acumulou uma taxa de 6,84%, dificultando o acesso a bens essenciais e ampliando as desigualdades econômicas.

O impacto da inflação é particularmente evidente no salário mínimo, que foi reajustado para R$ 1.412,00 em 2024. Apesar do aumento nominal, a perda real de poder de compra, estimada em 4% no ano, compromete a capacidade das famílias brasileiras de adquirir bens e serviços básicos. Setores como alimentação e transporte têm apresentado aumentos expressivos de preços, com alimentos básicos como arroz, feijão e carne registrando altas superiores a 8% no acumulado do ano. Essa dinâmica afeta desproporcionalmente as classes mais vulneráveis, ampliando a pobreza e aprofundando as desigualdades regionais.

A corrupção no setor público também afeta diretamente a capacidade do Estado de investir em áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura. O Sistema Único de Saúde, um dos maiores sistemas públicos do mundo, enfrenta desafios significativos devido a desvios de recursos e má gestão. Estima-se que cerca de 3,7% do orçamento anual do SUS tenha sido comprometido por práticas fraudulentas, impactando a capacidade do sistema de atender à crescente demanda por serviços de saúde, especialmente nas regiões mais pobres do país. Em paralelo, estatais como a Itaipu Binacional enfrentam denúncias de superfaturamento em contratos, que elevaram os custos operacionais em mais de 15% no último ano. Os Correios, outra estatal estratégica, continuam lidando com problemas de fraudes em licitações e ineficiências administrativas que comprometem sua função essencial na logística nacional.

A dívida pública brasileira, que atingiu 75,1% do PIB em 2024, ilustra os desafios fiscais enfrentados pelo governo. O déficit primário, embora reduzido em relação aos anos anteriores, permanece elevado, limitando a capacidade de implementação de políticas públicas de impacto imediato. Em um cenário de alta taxa de juros, mantida pelo Banco Central para conter a inflação, o custo da dívida pública se torna ainda mais oneroso. A taxa de juros básica da economia, a Selic, foi mantida em 13,25% ao ano, dificultando o acesso ao crédito e desestimulando investimentos produtivos, o que contribui para a estagnação econômica. O crescimento projetado do PIB para 2025, de apenas 1,8%, é insuficiente para gerar empregos em volume necessário para absorver a força de trabalho desempregada, que permaneceu em 8,9% no último trimestre de 2024. Além disso, a subutilização da força de trabalho, que inclui trabalhadores em tempo parcial e desalentados, alcançou 20,3%, indicando uma recuperação econômica aquém do esperado.

As flutuações cambiais também refletem a instabilidade macroeconômica. O preço do ouro, ativo de refúgio em tempos de incerteza, chegou a R$ 350 por grama, demonstrando o aumento da aversão ao risco entre investidores. Essa dinâmica reforça a necessidade de políticas mais robustas para estabilizar a moeda e atrair investimentos externos. Em contrapartida, a desvalorização cambial aumenta a competitividade das exportações brasileiras, beneficiando setores como o agronegócio, que continua a ser um dos pilares da economia nacional. No entanto, os ganhos obtidos por esses setores são insuficientes para compensar os custos elevados enfrentados pela indústria e pelos consumidores finais.

A recuperação econômica do Brasil exige reformas estruturais profundas que enfrentem as causas subjacentes da corrupção, melhorem a eficiência da administração pública e promovam a competitividade econômica. A modernização de estatais como Petrobras, Correios e Itaipu Binacional é essencial para garantir sua sustentabilidade financeira e reduzir a vulnerabilidade a práticas corruptas. Além disso, é fundamental investir em políticas públicas que fortaleçam o mercado interno, reduzam as desigualdades regionais e promovam o crescimento sustentável. A integração entre governo, setor privado e sociedade civil será crucial para mitigar os efeitos das crises atuais e garantir um futuro mais próspero e equitativo para a população brasileira. A construção de um cenário econômico mais estável e inclusivo passa necessariamente por um compromisso renovado com a transparência, a eficiência e a justiça social. O desafio, no entanto, reside na capacidade de implementar mudanças estruturais em um contexto de pressões políticas e econômicas intensas, exigindo liderança e coesão em todos os níveis da sociedade.

A relação entre corrupção e economia é evidente em diversos escândalos que impactaram diretamente a cotação do dólar. Entre os casos mais notórios estão:

Operação Lava Jato: Esquema de corrupção na Petrobras que resultou em perdas de R$ 6,2 bilhões.

Escândalo do Mensalão: Compra de votos parlamentares que desestabilizou a confiança no governo.

Anões do Orçamento: Desvio de R$ 800 milhões em emendas parlamentares.

Caso Banestado: Envolvimento de US$ 30 bilhões em evasão de divisas.

Escândalo dos Precatórios: Desvio de recursos públicos por meio de títulos judiciais.

Operação Satiagraha: Investigação de crimes financeiros envolvendo o banqueiro Daniel Dantas.

Escândalo do BNDES: Empréstimos suspeitos a empresas favorecidas.

Caso dos Correios: Fraudes em licitações e contratos na estatal.

Escândalo da Mandioca: Desvio de recursos destinados à agricultura.

Caso Marka/FonteCindam: Prejuízo de R$ 1,8 bilhão ao Banco Central.

Escândalo da Sudam: Desvio de recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia.

Escândalo da Sudene: Fraudes na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.

Operação Zelotes: Corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Escândalo dos Sanguessugas: Fraude na compra de ambulâncias para o SUS.

Escândalo do Orçamento Secreto: Distribuição oculta de verbas parlamentares.

Esses casos ilustram como a corrupção sistêmica no Brasil afeta a economia, desestabilizando a confiança interna e externa, pressionando a cotação do dólar e, consequentemente, impactando negativamente o poder de compra da população.

A perspectiva econômica do Brasil para 2025 e o início de 2026 apresenta um cenário de desafios persistentes, refletindo uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que continuarão a impactar significativamente o custo de vida, o poder de compra e as perspectivas de crescimento. A herança de décadas de corrupção institucionalizada, associada a práticas ineficientes de gestão pública e a um cenário internacional de incertezas, moldará os desdobramentos econômicos do período, exigindo respostas complexas e coordenadas de governos, empresas e da sociedade civil.

Os gastos governamentais projetados para 2025 refletem uma política fiscal expansionista, voltada para o estímulo ao consumo e investimentos em áreas como infraestrutura e programas sociais. Contudo, a ausência de uma estratégia fiscal equilibrada para conter o déficit público, estimado em 1,5% do PIB, coloca em risco a sustentabilidade econômica de longo prazo. Com a dívida pública já ultrapassando 75% do PIB no final de 2024 e podendo alcançar 77% em 2025, o governo enfrentará dificuldades crescentes para financiar despesas crescentes, agravando a pressão sobre os juros e o câmbio. O impacto desse cenário será sentido em diversos setores da economia, especialmente aqueles mais expostos às flutuações cambiais e ao aumento dos custos de crédito.

O mercado de trabalho, por sua vez, continuará a enfrentar altos índices de desemprego e subutilização da força de trabalho. A taxa de desemprego, que se manteve em 8,9% no último trimestre de 2024, deve reduzir-se marginalmente em 2025, mas ainda estará acima de 8%, com o trabalho informal representando uma parcela significativa das ocupações disponíveis. A combinação de empregos precários, salários achatados pela inflação e um mercado de crédito restrito dificultará a melhoria nas condições de vida da maioria da população brasileira, aprofundando as desigualdades regionais e sociais.

No contexto inflacionário, o aumento persistente nos preços de itens essenciais, como combustíveis, alimentos e serviços, continuará a impactar diretamente o poder de compra das famílias. A inflação, estimada entre 4,5% e 5,5% para 2025, será impulsionada principalmente pela alta dos preços internacionais do petróleo e pela desvalorização do real, que deverá permanecer acima de R$ 6,00 em relação ao dólar. Os combustíveis fósseis, com preços elevados devido à política de paridade internacional da Petrobras, manterão a gasolina entre R$ 6,20 e R$ 6,50 por litro, enquanto o gás de cozinha ultrapassará os R$ 130 em algumas regiões do país. Esse cenário reforçará a necessidade de medidas governamentais para reduzir a carga tributária sobre esses produtos, mas as restrições fiscais podem limitar a implementação de políticas mais agressivas.

Além disso, a inflação de alimentos será um ponto crítico em 2025, devido a fatores climáticos adversos e altos custos de produção. Produtos como carne, arroz, feijão e leite deverão registrar altas acima da média inflacionária, o que ampliará a insegurança alimentar em populações vulneráveis. O aumento nos custos de transporte, diretamente relacionado aos combustíveis, agravará ainda mais essa situação, repassando custos para os consumidores finais e limitando o acesso a itens básicos.

A instabilidade macroeconômica também é exacerbada pela fragilidade institucional e pela recorrência de práticas corruptas em diferentes níveis do governo. Figuras anteriormente envolvidas em escândalos de corrupção, como políticos e empresários, voltaram a ocupar espaços estratégicos de poder, reavivando preocupações sobre a transparência na execução de contratos públicos e na aplicação de recursos. Casos como a Lava Jato, que expôs esquemas bilionários de corrupção na Petrobras, ainda ressoam como um lembrete dos danos econômicos causados por práticas ilícitas. Contudo, a reincidência de escândalos como o do Orçamento Secreto e a corrupção em programas de saúde, educação e infraestrutura demonstram que o combate à corrupção permanece um desafio central para o Brasil.

Outro aspecto crítico do cenário econômico é a alta dependência de insumos e produtos importados, o que torna a economia brasileira particularmente vulnerável às flutuações cambiais. O dólar, projetado para oscilar entre R$ 6,00 e R$ 6,30 em 2025, aumentará os custos de produção em setores estratégicos, como a indústria farmacêutica e a tecnologia, impactando negativamente o desenvolvimento industrial e a competitividade internacional. Ao mesmo tempo, o aumento da competitividade das exportações, impulsionado pelo câmbio desvalorizado, beneficiará setores como o agronegócio, mas os ganhos serão insuficientes para compensar os desequilíbrios econômicos internos.

O agronegócio, embora continue sendo um dos principais motores da economia brasileira, enfrentará desafios relacionados à sustentabilidade ambiental e à pressão por práticas mais inclusivas e transparentes. A volatilidade nos preços internacionais de commodities, associada a condições climáticas adversas, poderá limitar os ganhos do setor, especialmente para pequenos e médios produtores que enfrentam dificuldades de acesso a crédito e tecnologia.

Por outro lado, a política monetária restritiva, com a taxa Selic mantida em patamares elevados, continuará a impactar negativamente o setor privado, desestimulando investimentos e restringindo o consumo interno. A taxa de juros, estimada entre 12% e 13% ao ano, refletirá a necessidade de controlar a inflação, mas penalizará a expansão econômica, especialmente em setores intensivos em capital. Pequenas e médias empresas, que dependem fortemente de crédito acessível, serão particularmente afetadas, agravando o quadro de desigualdades regionais e setoriais.

A perspectiva de o dólar atingir patamares entre R$ 9,00 e R$ 10,00 em 2025 pode parecer extrema à primeira vista, mas não é inteiramente descartada dentro de um cenário de deterioração econômica e política aguda. Essa possibilidade deve ser analisada considerando uma ampla gama de fatores internos e externos que, combinados, poderiam empurrar a cotação do dólar para níveis tão elevados. A economia brasileira, marcada por uma estrutura fiscal frágil, desafios inflacionários persistentes e uma dívida pública crescente, já enfrenta condições de alta volatilidade cambial, refletida em uma taxa de câmbio acima de R$ 6,00 em dezembro de 2024. No entanto, para que a moeda americana atinja valores próximos de R$ 10,00, uma série de eventos críticos e adversos precisaria ocorrer de forma simultânea.

O câmbio é influenciado por fatores estruturais, conjunturais e globais. Internamente, um dos principais fatores que poderia desencadear uma desvalorização tão acentuada do real seria uma deterioração mais pronunciada das contas públicas. Atualmente, o Brasil trabalha com um déficit fiscal em torno de 1,5% do PIB para 2025, e a dívida pública já ultrapassa 75% do PIB, com projeções de que alcance 77% no próximo ano. Se a percepção de risco fiscal aumentar devido à incapacidade do governo de controlar gastos, especialmente em um cenário de ampliação de programas sociais e investimentos sem a correspondente elevação de receitas, a confiança do mercado será abalada. Esse movimento tende a desencadear uma fuga de capitais, pressionando ainda mais o câmbio.

A percepção de risco é amplificada quando associada à falta de reformas estruturais que tornem o ambiente econômico brasileiro mais competitivo. A ausência de avanços significativos na reforma tributária, que visa simplificar e reduzir o custo Brasil, e na reforma administrativa, que busca aumentar a eficiência do setor público, limita o potencial de crescimento da economia. Além disso, a manutenção de altos índices de burocracia e incerteza jurídica desestimula investimentos estrangeiros diretos, que poderiam ajudar a equilibrar a balança cambial.

Externamente, o contexto global também desempenha um papel crucial na determinação do câmbio. Caso o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, continue a manter ou elevar as taxas de juros, a atratividade de ativos denominados em dólar aumentará, provocando uma migração de capitais de mercados emergentes para economias desenvolvidas. Isso enfraquece moedas de países como o Brasil, cujas economias são mais vulneráveis à volatilidade global. Além disso, choques externos, como tensões geopolíticas prolongadas, novas crises energéticas ou um eventual arrefecimento da economia global, poderiam exacerbar as pressões sobre moedas emergentes.

Outro elemento relevante é o impacto da inflação doméstica. Apesar de projeções de que a inflação fique entre 4,5% e 5,5% em 2025, qualquer surpresa inflacionária maior, especialmente em função de aumentos nos preços de combustíveis, energia elétrica ou alimentos, poderia pressionar o Banco Central a manter a taxa Selic em níveis elevados, entre 12% e 13%. Embora a Selic alta ajude a conter a inflação, ela encarece o custo da dívida pública e prejudica a atividade econômica, enfraquecendo ainda mais a moeda local.

Uma cotação do dólar acima de R$ 9,00 também reflete a percepção de instabilidade política e institucional. O Brasil tem um histórico de crises políticas que afetam diretamente a confiança do mercado. Escândalos de corrupção, dificuldades na articulação do governo com o Congresso e mudanças abruptas em políticas econômicas ou regulatórias podem ser suficientes para aumentar significativamente o risco-país, resultando em uma desvalorização do real. Além disso, o retorno de figuras políticas e empresariais previamente associadas a práticas corruptas, agora em posições de influência, reforça a percepção de fragilidade institucional, aumentando a incerteza quanto à governança do país.

No cenário de uma crise de confiança prolongada, o impacto sobre a economia doméstica seria devastador. Os preços de importados, como produtos eletrônicos, medicamentos e insumos industriais, subiriam rapidamente, pressionando a inflação e afetando diretamente o custo de vida da população. O setor de combustíveis, fortemente dependente do mercado internacional, enfrentaria aumentos ainda mais expressivos. Com o petróleo Brent projetado entre US$ 80 e US$ 85 por barril, a política de preços de paridade internacional da Petrobras poderia levar o preço da gasolina para além de R$ 7,50 por litro, enquanto o diesel ultrapassaria R$ 6,50. O gás de cozinha, essencial para a maioria das famílias, poderia superar os R$ 150 por botijão, criando uma pressão adicional sobre as classes mais vulneráveis.

No mercado de alimentos, a combinação de custos logísticos elevados, encarecimento de insumos agrícolas e condições climáticas adversas intensificaria a inflação alimentar. Produtos básicos como arroz, feijão, carne e leite poderiam registrar aumentos superiores a 10%, agravando a insegurança alimentar e a desigualdade social. Além disso, o aumento dos preços no transporte e na energia elétrica teria um efeito cascata em todos os setores produtivos, elevando os custos para consumidores e empresas.

Por outro lado, o Banco Central dispõe de ferramentas para mitigar uma desvalorização tão extrema do real. As reservas internacionais, atualmente em torno de US$ 340 bilhões, podem ser utilizadas para intervenções no mercado de câmbio, reduzindo a volatilidade. No entanto, a eficácia dessas medidas depende do contexto mais amplo, incluindo a credibilidade do governo em adotar políticas fiscais responsáveis e implementar reformas estruturais. Sem essas ações, as intervenções cambiais podem ter apenas efeitos temporários.

Para os cidadãos brasileiros, a possibilidade de um dólar a R$ 9,00 ou R$ 10,00 em 2025 requer um planejamento financeiro cauteloso. A diversificação de investimentos em ativos dolarizados ou protegidos contra a inflação será essencial para preservar o poder de compra. Além disso, a redução de dívidas em moeda local, que podem ser impactadas por taxas de juros elevadas, é uma estratégia prudente para lidar com a instabilidade econômica.

Em suma, embora um dólar a R$ 9,00 ou R$ 10,00 represente um cenário de estresse econômico extremo, ele não pode ser descartado como impossível. A interação de fatores internos, como a deterioração fiscal e a instabilidade política, com choques externos, como mudanças na política monetária global ou crises geopolíticas, pode criar as condições para uma desvalorização acentuada do real. Assim, o Brasil precisa urgentemente adotar uma agenda de reformas estruturais e fortalecer a governança para evitar que tal cenário se concretize, garantindo maior estabilidade econômica e social.

A recuperação econômica sustentável exige reformas estruturais que enfrentem os gargalos históricos e fortaleçam a capacidade do Estado de implementar políticas públicas eficazes. Investimentos em infraestrutura, modernização das estatais, combate à corrupção e incentivo à inovação tecnológica são elementos-chave para garantir um crescimento mais inclusivo e resiliente. A necessidade de maior integração entre governo, setor privado e sociedade civil é imperativa para superar os desafios econômicos e institucionais que continuarão a moldar o Brasil em 2025 e nos anos seguintes.

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