Gigante americana relatou prejuízo líquido de US$ 137 milhões no terceiro trimestre
O novo presidente-executivo da gigante americana do agronegócio Bunge sinalizou planos de deixar o seu deficitário negócio de açúcar no Brasil
, fazendo da multinacional a primeira grande do agribusiness a avaliar a saída de um mercado que já foi aquecido, tendo atraído bilhões de dólares em investimentos.
A Bunge relatou nesta quinta-feira (24) um prejuízo líquido de US$ 137 milhões no terceiro trimestre, com sua unidade de açúcar corroendo ganhos.
"Tendo em conta os desafios enfrentados pela indústria brasileira, nós começamos um processo abrangente para explorar todas as alternativas para otimizar o valor deste negócio", disse o presidente-executivo da empresa, Soren Schroder, em comunicado.
Ele disse ainda que a companhia está fazendo "uma revisão abrangente" de suas operações de usinas de cana no Brasil
, que sofreram com más condições climáticas e baixos preços globais de açúcar.
Analistas estimam que a Bunge gastou mais de US$ 2 bilhões comprando ativos no Brasil
A companhia ainda não discutiu uma potencial venda da unidade de moagem com quaisquer pretendentes, disse Schroder. Para ele, não há prazo para esta revisão.
Já passaram seis anos desde que a Bunge e outras empresas incluindo outras grandes de petróleo como a BP PLC e a Olam, listada em Cingapura, correram para agarrar uma fatia nos negócios do adoçante no Brasil
.
As companhias compraram usinas e propriedades na tentativa de integrar verticalmente suas operações em uma aposta que o aperto na oferta de açúcar e o crescente mercado de etanol impulsionariam os lucros.
Analistas estimam que a Bunge gastou mais de US$ 2 bilhões comprando ativos no Brasil
, e agora opera oito usinas com uma capacidade combinada de moagem de 20 milhões de toneladas de cana, para produzir tanto açúcar como etanol.
Mas as apostas no Brasil
azedaram nos anos recentes, com as usinas locais atingidas fortemente por custos crescentes nas suas operações e por limites do governo aos preços domésticos da gasolina, o que afeta os ganhos no etanol.
Para alguns analistas, é um mau sinal para o setor de etanol no Brasil. Eles questionam como a Bunge encontrará um comprador em meio à tanta incerteza.
"É um mau sinal para o setor", disse Julio Maria Borges, diretor de açúcar e etanol da consultoria JOB Economia.
Resultados
A Bunge está entre os quatro maiores players do mercado conhecidos como "ABCD", que dominam o fluxo de produtos agrícolas em todo o mundo. Os outros são a Archer Daniels Midland, a Cargill e a Louis Dreyfus .
A Bunge teve prejuízo líquido de US$ 137 milhões no terceiro trimestre, que terminou 30 de setembro, ante um lucro de US$ 289 milhões no mesmo trimestre há um ano.
A receita do trimestre foi de US$ 14,7 bilhões, abaixo das expectativas dos analistas de US$ 16,9 bilhões. Há um ano, a receita foi de US$ 16,5 bilhões.
A divisão de açúcar e bioenergia da empresa registrou um prejuízo de US$ 19 milhões. A Bunge registrou um encargo após impostos de US$ 415 milhões, principalmente relacionado a esse negócio.
Schroder, que assumiu o comando em 1º de junho, havia dito anteriormente que a Bunge iria cortar seus gastos de capital em 2013 para US$ 1 bilhão, ante US$ 1,2 bilhão, a fim de impulsionar os resultados financeiros.