I - Evolução dos agregados monetáriosEm outubro, a média dos saldos diários da base monetária atingiu R$139,8 bilhões, registrando incrementos de 1,7% no mês e de 12,4% em doze meses. A variação mensal decorreu de elevações de 1,5% no saldo médio do papel-moeda emitido e de 2,1% em reservas bancárias.Os fluxos mensais dos fatores de emissão monetária produziram contrações de R$18,4 bilhões nas operações do setor externo, resultante das vendas líquidas de divisas pelo Banco Central no mercado interbancário de câmbio, de R$4,4 bilhões nos ajustes das operações com derivativos e de R$10,7 bilhões nas operações do Tesouro Nacional. Em sentido oposto, as liberações referentes à exigibilidade adicional sobre depósitos totalizaram R$23,4 bilhões, refletindo a redução das alíquotas incidentes sobre depósitos à vista e depósitos a prazo, que passaram de 8% para 5% a partir de outubro, e a elevação de R$300 milhões para R$1 bilhão da parcela a deduzir da exigibilidade no recolhimento ao Banco Central.As operações com títulos públicos federais, incluindo a atuação do Banco Central no ajuste de liquidez do mercado monetário, implicaram expansão de R$6,4 bilhões no mês. No mercado primário, ocorreram resgates líquidos de R$18,3 bilhões de títulos do Tesouro Nacional, enquanto no mercado secundário as vendas líquidas somaram R$11,9 bilhões.Os meios de pagamento restritos (M1), considerada a média dos saldos diários, atingiram R$196 bilhões em outubro, com acréscimos de 1,3% no mês e de 9,3% em doze meses. Os saldos médios do papel-moeda em poder do público e dos depósitos à vista elevaram-se 0,9% e 1,6%, no mês. Em doze meses, tais componentes expandiram-se 17,6% e 4,2%, respectivamente.No conceito M2, os meios de pagamento ampliados cresceram 3,7% em relação a setembro, alcançando R$1 bilhão. O estoque de títulos privados expandiu-se 7%, resultado das captações de R$20,3 bilhões em depósitos a prazo, enquanto que os depósitos de poupança aumentaram 0,8%.O saldo do M3, conceito que abrange o M2 mais as quotas de fundos de investimento e os títulos públicos federais que dão lastro à posição líquida de financiamento em operações compromissadas, elevou-se 0,8% no mês, com saldo de R$1,8 trilhão, a despeito da redução de 3% no saldo de quotas de fundos de investimento. O M4, que compreende o M3 mais os títulos públicos de detentores não financeiros, totalizou R$2,2 trilhões em outubro, com expansão de 0,3% no mês.II - Operações de crédito do sistema financeiroO estoque total das operações de crédito do sistema financeiro, considerados os recursos livres e direcionados, alcançou R$1.187 bilhões em outubro, expandindo-se 2,9% no mês e 34,6% em doze meses. Esse volume correspondeu a 40,2% do PIB, comparativamente a 39,2% em setembro último e a 33,6% em outubro do ano anterior. O mercado de crédito, embora siga mantendo elevadas taxas de crescimento, tem apresentado arrefecimento no que diz respeito às novas contratações. Esse comportamento esteve associado a alterações nas condições de oferta e demanda, refletindo desdobramentos da crise financeira internacional. As incertezas relacionadas a esse cenário traduziram-se em moderada retração da oferta em linhas de crédito específicas, tais como os adiantamentos a exportadores, e em maior seletividade nas concessões. Nos financiamentos e arrendamentos de veículos a pessoas físicas, esse posicionamento resultou na redução de prazos de contratação e na exigência de maior aporte de recursos por parte dos tomadores.O saldo das operações de crédito com recursos livres, participação de 71,7% no total do sistema financeiro, atingiu R$850,3 bilhões em outubro, crescendo 2,6% no mês e 37,3% em relação a outubro do ano anterior. O desempenho mensal evidenciou, principalmente, o aumento de 2,6% nas operações contratadas com recursos internos, volume de R$370,2 bilhões, bem como a evolução de 5,1% nos financiamentos lastreados em recursos externos, cujo estoque totalizou R$88,2 bilhões. Os empréstimos destinados a pessoas físicas somaram R$391,9 bilhões, representando expansão mensal de 2%.A parcela de crédito contratada com recursos direcionados alcançou R$336,3 bilhões em outubro, revelando crescimentos de 3,9% no mês e de 28,2% em doze meses. O resultado no mês foi determinado, basicamente, pelo aumento de 5,4% nos financiamentos efetuados pelo BNDES, cujo estoque de R$195,1 bilhões representou 58% do total da carteira de crédito direcionado, refletindo incrementos de 7,5% nas operações contratadas diretamente e de 3,3% sob a forma de repasses a instituições financeiras.Os desembolsos realizados pelo BNDES alcançaram R$70,2 bilhões nos dez primeiros meses do ano, com elevação de 40,8% sobre igual período do ano anterior, observando-se expansão em todos os setores básicos da atividade econômica. Nesse sentido, os financiamentos contratados com o segmento de comércio e serviços expandiram-se 47,9%, ao atingir R$36,9 bilhões, destacando-se os ramos de transporte terrestre, eletricidade e gás e telecomunicações. As concessões destinadas à indústria aumentaram 38,5%, somando R$28,9 bilhões, com ênfase para as contratações dos segmentos de produtos alimentícios e veículos, reboques e carrocerias, enquanto os créditos ao setor agropecuário aumentaram 8,6%. Os desembolsos para o segmento de micro, pequenas e médias empresas, que detém participação relativa de 25,4% no total de financiamentos, totalizaram R$17,8 bilhões, com incremento de 36,4% no período.As consultas formalizadas no BNDES, que representam potenciais desembolsos do setor produtivo, somaram R$152 bilhões de janeiro a outubro, volume 47,3% superior ao registrado no mesmo período de 2007. A demanda por novos financiamentos foi mais expressiva no segmento de comércio e serviços, cujo montante situou-se em R$89,9 bilhões após elevação de 52,2%, com destaque para as demandas dos setores de eletricidade e gás e de construção civil. As solicitações da indústria totalizaram R$57,2 bilhões, expansão de 43,8% no período, sobressaindo os ramos de metalurgia, papel e celulose e outros equipamentos de transporte.Com relação à distribuição dos empréstimos sob a ótica do controle de capital das instituições financeiras, a participação relativa dos bancos públicos no total da carteira do sistema financeiro subiu de 34,2% em setembro para 34,9% em outubro, refletindo a participação dessas instituições no processo recente de aquisição de carteiras de crédito de outras instituições financeiras. Em sentido inverso, a representatividade dos créditos das instituições privadas nacionais recuou 0,7 p.p., situando-se em 43,7%. A participação relativa dos bancos estrangeiros manteve-se em 21,4%, consideradas as mesmas bases de comparação.II.1 - Distribuição setorial do créditoO volume de crédito destinado ao setor privado, computadas as operações com recursos livres e direcionados, atingiu R$1.165 bilhões em outubro, com avanço de 3% em relação a setembro. Em termos setoriais, os financiamentos à indústria atingiram saldo de R$279,9 bilhões e acréscimo mensal de 3,8%, destacando-se as contratações realizadas pelos ramos de energia, siderurgia e metalurgia e agroindústria. As operações destinadas ao segmento de outros serviços somaram R$210,6 bilhões, registrando aumento de 4,9% no mês, com ênfase para os setores de telecomunicações, transportes e de veículos. O saldo de crédito direcionado ao comércio elevou-se 2,2% no mês, totalizando R$123 bilhões, com destaque para contratações dos segmentos de alimentação, veículos e lojas de departamento.A carteira de crédito rural, evidenciando as novas concessões de recursos destinadas ao custeio da safra 2008/2009, alcançou saldo de R$104,2 bilhões, representando expansão mensal de 1,5%. Os financiamentos destinados à habitação aumentaram 2,9% no mês, totalizando R$59,8 bilhões, com predominância das aplicações com recursos da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).As operações contratadas com o setor público somaram R$21,7 bilhões, mostrando incremento de 1,8% em relação a setembro. Os financiamentos concedidos aos governos estaduais e municipais cresceram 1,4% no mês, alcançando saldo de R$16,8 bilhões, ressaltando-se os desembolsos para a administração direta estadual. A dívida bancária do governo federal atingiu R$4,9 bilhões, com elevação mensal de 3,2%, refletindo a variação cambial de operações contratadas por empresas vinculadas à exploração de gás.II.2 - Operações com recursos livres - Crédito referencial para taxas de jurosO crédito referencial para taxa de juros segue apresentando desempenho mais expressivo nas operações destinadas a pessoas jurídicas, as quais, em outubro, refletiram, principalmente, o aumento dos empréstimos para capital de giro e o efeito contábil da depreciação cambial observada no período.As operações com pessoas jurídicas alcançaram volume de R$379,1 bilhões, crescimentos de 2,9% no mês e de 46,2% em relação a outubro de 2007. As carteiras com recursos domésticos, volume de R$290,9 bilhões, registraram expansão de 2,2% no mês, concentrada no incremento da modalidade de capital de giro. O estoque das modalidades lastreadas por recursos externos totalizou R$88,2 bilhões, revelando incremento mensal de 5,1%. Esse resultado, porém, decorreu da depreciação cambial, cujo efeito contábil mais do que compensou a retração das contratações nessas modalidades.Os saldos das modalidades destinadas a pessoas físicas cresceram 1,1% no mês, atingindo R$273,4 bilhões. Esse desempenho esteve associado, principalmente, à evolução do crédito pessoal, que registrou acréscimo de 2,6%, somando R$125,7 bilhões. As operações com cheque especial, volume de R$17,1 bilhões, tiveram alta de 7,9%, após observarem estabilidade nos últimos seis meses. Os financiamentos para aquisição de veículos apresentaram recuo de 2,3%, totalizando R$81,4 bilhões. Tal recuo reflete os efeitos combinados da retração da demanda, sobretudo em razão do encurtamento de prazos, e da substituição dessa modalidade pelas contratações de leasing, que, embora também tenham sofrido desaceleração, mantiveram evolução expressiva em outubro, alcançando saldo de R$55,7 bilhões, com expansão de 2,7% no mês, nos arrendamentos a pessoas físicas.A taxa média de juros das operações de crédito referencial alcançou 42,9% a.a., com elevação de 2,5 p.p. no mês e de 7,5 p.p. em doze meses. No mesmo sentido, o spread bancário aumentou 2 p.p. no mês e 4 p.p. nos últimos doze meses, atingindo 28,4 p.p. O custo médio dos empréstimos para as famílias apresentou incremento de 1,7 p.p. no mês e de 9 p.p. em doze meses, alcançando 54,8% a.a. Esse resultado esteve relacionado ao aumento da participação relativa de modalidades com juros mais elevados, a exemplo de cheque especial, em detrimento da queda da representatividade de modalidades com custos mais reduzidos, como crédito pessoal e aquisição de veículos. As taxas de juros cobradas no segmento de pessoas jurídicas apresentaram expansão mensal de 3,3 p.p., situando-se em 31,6% a.a.A inadimplência, considerados os atrasos superiores a noventa dias, subiu 0,1 p.p. em outubro, alcançando 4,1% do total da carteira de crédito referencial. Os níveis de inadimplência de ambos os segmentos registraram acréscimos de 0,1 p.p., situando-se em 7,4% nas operações destinadas às pessoas físicas e em 1,7% nas carteiras de pessoas jurídicas.